5.10.08

Nuno Júdice

De manhã, apanho as ervas do quintal.
A terra, ainda fresca, sai com as raízes;
e mistura-se com a névoa da madrugada.
O mundo, então, fica ao contrário:
o céu, que não vejo, está por baixo da terra;
e as raízes sobem numa direcção invisível.
De dentro de casa, porém, um cheiro a café
chama por mim: como se alguém me dissesse
que é preciso acordar, uma segunda vez, para
que as raízes cresçam por dentro da terra e
a névoa, dissipando-se, deixe ver o azul.

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